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Santuário NSA Tambaú - central de notícias

quinta-feira, 23 de junho de 2011


Padre Donizetti do Brasil



Convivi, pessoalmente com o Padre Donizetti. Dos meus 7 aos 17 anos. Um convívio diário, com a graça de Deus. Como coroinha disciplinado e como secretário mais ainda. 

Ele era um chefe justo, mas durão. Durante as romarias de 1952/1955, já na condição de jovem secretário, respondi por sua correspondência e pelos contatos diários com a imprensa. Eram sacos enormes de cartas por dia. De todo o Brasil e do Exterior.
     
Eram jornais, revistas e emissoras de rádio do Brasil, da Argentina, do Uruguai e do Paraguai. 
     
Nosso centro de Imprensa estava diretamente ligado à ZYR-70 – Sociedade Rádio Tambaú Ltda. Onde, já aos 16 anos, ganhava meu pão (do Salles) como noticiarista e comentarista. 
     
Ou seja: pelas bênçãos do Padre Donizetti, deixei-me picar pela mosca do jornalismo. Até hoje, em plena atividade multimídia, no Brasil e no Exterior. O detalhe: justamente o Padre Donizetti foi quem me empurrou para o jornalismo, em São Paulo. Primeiro, ordenando-me estudar Sociologia na USP. Segundo dando-me carta de apresentação “a quem interessar possa”. Foi com ela, em 1956, que abri as portas do “Diário de São Paulo” e, em 1957, da “Rádio 9 de Julho”, emissora oficial da Arquidiocese de são Paulo. 

Predestinado, foi na “Rádio 9 de Julho” que conheci minha Lucila. Estamos casados e felizes há 48 anos, hoje, no rodapé de dois filhos, duas noras e quatro netos maravilhosos. 

Quer dizer: eu saí do Padre Donizetti, mas o Padre Donizetti nunca saiu de mim. 

Imaginem minha comoção ao estar presente no dia de sua recente exumação. Chorei e rezei por ele durante dias. Assim comovido passei todo este último dia 31 de maio. Sim, o do 56º aniversário de sua última bênção. Um fenômeno espantoso: mais de 130 mil romeiros na Tambaú de 13 mil habitantes. Num único dia, 10 romeiros para cada tambauense. 

A cidade virou, naquele domingo azul de maio, um caldeirão humano, documentado por toda a imprensa da época. Trabalhei 24 horas por dia no sábado e na segunda. Sobrevoei a cidade e seu entorno, com milhares de ônibus e de caminhões de romeiros estacionados em sítios, chácaras e fazendas. A cidade ficou fechada para veículos em geral. Nela, só era permitido o ingresso de ambulâncias, que mal podiam trafegar no meio da multidão. 

No dia seguinte, 1º de junho de 1955, Tambaú amanheceu completamente vazia. Para todos nós, da cidade, foi um choque: o choque do silêncio... 

Bem, se o milagre existe, o Padre Donizetti tinha todas as condições de assim atuar pelas mãos de Nossa Senhora Aparecida, sua devoção maior. Lembro-me de ter perguntado, certo dia, em sua biblioteca: 
- Padre, milagre realmente existe? 

E ele acendeu seu cigarro de palha, colocou a mão direita em meu ombro esquerdo, fuzilando-me com seu olhar profundo, mais que profundo: 
- Sim, existe. 
- Mas qual é a explicação, padre? 
- Meu filho. Para quem não crê em Deus, nenhuma explicação é possível. Para quem crê em Deus, nenhuma explicação é necessária. 

Aos 7 anos de idade, fevereiro de 1943, fui barrado na matrícula da escola primária. Por minha gagueira quase absoluta. Em desespero, minha mãe apelou ao Padre: 
- Por Deus! Fale com a diretora da escola. Deixem meu filho matricular-se assim mesmo! 

Nada disso. O Padre convidou-me para sua famosa “janta de quiabo”. A sopa pegajosa e mais nada. Fazia parte do seu voto de pobreza. E deu no que está dando até hoje: nunca mais parei de falar. Ganho a vida falando em rádio, televisão e palestra há mais de 50 anos. Ah! Na “janta de quiabo”, ele falava e eu só ouvia. Na hora do cafezinho – chá de hortelã -, ele ordenou: 
- Reze o Padre Nosso comigo, em voz alta. 

Rezei em voz alta e nunca mais tropecei na fala. Fui matriculado no dia seguinte. 

Padre Donizetti tinha os dons divinos da ubiquidade e da levitação, conhecidos por todos nós, de Tambaú, desde os anos 40. A capacidade de estar em dois lugares ao mesmo tempo, sob o testemunho jurado forte de centenas de pessoas aqui e centenas de pessoas acolá. O que provocava acaloradas discussões nos lares e nos bares de Tambaú. 

Padre Donizetti tinha o poder da levitação, presenciado por quase todos, em dois momentos pungentes: no sermão da Sexta Feira Santa e no sermão da Missa de Páscoa. As pessoas entreolhavam-se no ato e não mais se falava nisso. 

Sim. Ele tinha tudo para ser um instrumento de Deus, por intercessão da padroeira Nossa Senhora Aparecida. Também ela, com sua imagem milagrosa, salva do incêndio devastador da Igreja Matriz de Santo Antonio. 

Era uma figura humana sem paralelo. Sem referência. A um só tempo, manso e severo, erudito e popular, rico de nobreza e pobre de riqueza. 

No seu radar católico, apostólico, eucarístico e ecumênico, sempre faiscou mais forte a vida sofrida da gente oprimida. Nas romarias, recebia também evangélicos, pentecostais, islâmicos, budistas...E sempre suspirava fundo, murmurando para si mesmo: 
- Estas ovelhas não são do meu rebanho. Mas eu sou o pastor destas ovelhas.


Depoimento de Joelmir Beting - Revista do Santuário / Tambaú, SP - Junho/2011





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